16-10-2019, 01:25 AM
(30-03-2018, 03:56 PM)Senna Escreveu:Spoiler Revelar
(18-04-2018, 12:28 AM)Senna Escreveu:Spoiler Revelar
(18-04-2018, 02:15 PM)Senna Escreveu:Spoiler Revelar
Senhores, dando um up aqui no tópico. Aproximadamente 1 ano e meio após eu pegar o cachorro que tenho atualmente.
Não queria fazer um relato filosófico, talvez esta resposta até deva ser destacada num tópico a parte, isso cabe a staff, mas criar um cão é uma experiência que me leva a pensar muito em relacionamentos de forma geral. Na relação nossa com Deus, relação entre pai e filho, entre jovem inexperiente e idoso sábio, etc.
Na analogia da nossa relação com Deus, obviamente somos o cachorro. Foram muitas a vezes que separei panos para colocar dentro da casa do meu cachorro nos dias mais frios. Porém no dia seguinte e os rasgava em pedaços, de forma que tive que parar de fazer isso, assim muitas vezes ele dormiu sentindo mais frio do que precisava. Ele poderia ter uma casinha muito confortável porque eu estava disposto a deixá-la assim, mas tive que desistir da idéia porque ele sempre estragava tudo. Fico pensando quantas vezes nós estragamos nossa própria vida, impedindo que Deus nos dê algo bom, porque se ele der, não vamos saber usar.
Na analogia da relação pai e filho, fiquei pensando o quanto deve ser frustrante para um pai criar expectativas sobre um filho e depois ele não ser nada daquilo, mas não tem como voltar atrás, apenas aprender a lidar com o que se tem nas mãos. Eu imaginava que meu cachorro ia poder ficar livre pela casa, ter um convívio mais próximo, mas ele repete comportamentos que eu não gosto repetidamente, mesmo aqueles que eu sei que ele percebe que não gosto, apenas espera eu não estar de olho nele para fazer. Sempre falo que quero ter muitos filhos, mesmo já estando atrasado nesse processo, já me incomodo como o estado nos trata como ratos e age com se os filhos fossem do governo e não dos pais, mas quando penso no quanto a vida de um pai pode virar um inferno tendo um filho marginal drogado ou uma filha puta rebelde, o peso da responsabilidade me coloca pra pensar.
O fato é que estou arrependido de ter pego meu cachorro pra cuidar. No começo achava que por ser filhote algumas coisas iam passar (muitas realmente passaram), mas agora com ele adulto não vejo mais progresso nele. O pouco que me sensibilizo e tento deixar ele mais próximo de mim, ele faz algo que me irrita ou me machuca (fisicamente).
Não vou dá-lo a ninguém, nem abandonar na rua. Continuarei dando comida, vacinas, etc., porque é uma responsabilidade que assumi e vou levar até o final, é uma lição que tenho de aprender.
Esse sentimento eu não esperava ter até porque já tive cachorros aqui que cuidei até velhice, inclusive amolecendo a ração depois que caíram todos os dentes. De todos que tive, tenho mais saudades da mais feinha de todas, que parecia um filhote de cruz credo, que me fez companhia até o último dia da vida dela.
Fica aí o relato, a filosofia e o desabafo.