[RELATO] O Vizinho Shaolin

[Batoré]

PARTE 3

Fabiana chegou de surpresa na casa dele, de mala e cuia, decidida a ficar. Vale lembrar que mesmo ela não estando mais na zona ainda fazia programa 'freelance' e usava cocaína. Ela é do tipo de pessoa que gosta de barraco, falar alto, boca suja, etc.

Mesmo com o cara falando que não queria ela ali não adiantava. Ela não arredava pé. Foi coisa de uns dias para o bate-boca se transformar em porradaria.

Quero deixar bem claro que sou contra a violência contra mulheres. Tendo isso claro, continuemos com o relato.

A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA QUE A MÍDIA NÃO MOSTRA

Uma coisa pouco falada sobre violência doméstica é que muitas vezes é a mulher que torra tanto a paciência do cara que ele não aguenta. Sabe que o cara tem tendências violentas, mas teimam em provocar e desafiar. Quase que implorando para apanhar! 

E o pior: não denunciam e continuam obcecadas correndo atrás, enfrentando a tudo e a todos! Várias vezes ele trancou o portão para ela não entrar, mas ela pulava o muro atrás dele! 

Dona Clotilde chegou a colocar cacos de vidro em cima do muro, mas ela pulava mesmo assim! Chegava com as mãos todas retalhadas, implorando para entrar! Nunca vi mulher fazendo isso por homem de bem!

Eu mesmo tenho uma tia que se envolveu com um boêmio ainda nos anos 70. Todos eram contra, pois ele ficava agressivo quando bebia e batia nela. Casou com ele e teve 4 filhos! Apanhou por décadas! Comeu o pão que o Diabo amassou, mas estão juntos até hoje, dormindo em quartos separados.

Não sou de me meter nos problemas dos outros, mas essas brigas do vizinho me afetava também, pois eu tinha que dormir de dia. Nisso era Janeiro ou Fevereiro e o calor estava insuportável, assim como está agora, no momento em que escrevo. Reclamei e as brigas cessaram por um tempo. Nesse meio tempo o Shaolin me chamou pra tomar cerveja e tocar Raul, com ela ali.

Ali vi como ela era insuportável, PQP! Ele estava tocando a música do trem das 7 e o batô nos vocais. Em vez dela caçar o que fazer ficava enchendo o saco, só falando merda!

-"Ihhh, não toca nada, voz de taquara rachada, essa dupla vai passar fome, não tem talento, etc.."  Sendo que aquilo era só um hobby, pra você ver o tamanho da ignorância. Até que desistimos! Irritado, me despedi, ouvindo o brigueiro:

-"Cala essa boca senão vou quebrar essa porra desse violão na tua cabeça! Por culpa tua o cara foi embora! Puta do caralho! Some daqui!"

Nem preciso dizer como foi o desfecho disso aí, né...

Essa relação deles, confrades, era de amor e ódio, pois foram várias as vezes em que ele a mandou embora e depois a buscava. A música a seguir foi uma puta febre nos anos 80, e é perfeita pro casalzin...

Esse tipo de relação é a busca pelas emoções (boas ou ruins) que N.A descreve, no nível Hard.

(Continua)