17-03-2025, 08:39 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 17-03-2025, 08:49 PM por eremita_urbano.)
Spoiler Revelar
Estou deixando a questão católica de lado e estou me atentando sobre a questão metodológica que você citou.
Depende. Como tese, é diretriz básica procurar as fontes primárias, mas há um questão mais complexa quando se vai falar sobre entidades políticas, civis e históricas.
Vamos falar de Leninismo, por exemplo. Fonte primária seria os livros de Lênin. Só que na prática é só um subconjunto de algo maior.
Lenin nos seus escritos defendia a destruição cada vez maior do estado sobre a alcunha de ser um estado burguês e que sua destruição daria início ao estado proletário.
E fez carreira escrevendo livros muito bem escritos falando de Marx, e defendendo teses como essa. Começou como um correspondente do partido bolchevique, virou seu líder, aumentou o poder do partido até finalmente se tornar o líder da Rússia comunista.
Um bom exemplo de livro é seu famoso "O Estado e A Revolução."
Então seria uma calúnia dizer que Lenin defendia o aumento do estado?
Não, porque embora ele escrevesse essas coisas, na prática sua trajetória política foi assegurar o poder cada vez maior do partido bolchevique, eliminando seus oponentes até dominar totalitariamente a Rússia, morrendo e deixando a estrutura para Stalin.
Ou seja, as fontes primárias, muitas vezes são reflexos do discurso.
Vamos voltar para a igreja católica. O discurso da igreja nunca favoreceu teses de que alguns Papas tiveram amantes e filhos. Só que por outros meios já se comprovou que Papas como Alexandre VI e Julio II tiveram prole. Hoje, não conheço nenhum historiador católico que negue isso, mas vá falar isso na época em que tiveram pontificado na jurisdição de Roma que você ia preso.
Verdade seja dita, que usam os feitos de Alexandre VI são usados para difamar a igreja, hipervalorizando seus defeitos, mas é bom exemplo de que a realidade muitas vezes é muito distante do discurso oficial.